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sábado, 8 de março de 2014

Sobre um 8 de março futuro

Este foi meu texto do ano passado sobre o dia 8 de março, publicado no Facebook. Este continua a ser meu desejo para este ano. Com um acréscimo: que saibamos perceber o discurso da mulher-objeto que está renascendo travestido de novo feminismo. Isso é muito sério.

Como em anos anteriores, vou continuar desejando que esse Dia Internacional das Mulheres não precise mais existir, não porque deixamos de ser importantes ou merecedoras, mas porque passamos de minorias muitas vezes agredidas, sucumbidas, prisioneiras a seres humanos com seus direitos respeitados. Enquanto isso, a cada 8 de março devemos lembrar de todas aquelas que passam por maus-tratos, físicos mas a maior parte deles psicológicos, daquelas que têm suas escolhas profissionais ou sexuais cerceadas, daquelas que são tomadas como seres biologicamente determinados e por isso não podem escolher não ter filhos e privilegiar a carreira, daquelas que enfrentam isso mas ouvem constantemente a pergunta "quando você vai se casar?" ou "não se casou por quê?", como se suas vidas só passassem a existir em função de um homem. Porque, em muitos, muitos aspectos, mais do que quero admitir aqui, ainda estamos vivendo no século XIX e em alguns casos na Idade Média, e estou falando somente de Brasil. Lá fora a coisa costuma ser até pior. Lembremos também daquelas que atendem ao chamado da maternidade mas que, como se tivessem de pagar por isso, se desdobram em mil para cuidar dos filhos gerados e do maior deles, daquele que deveria dividir com ela a vida mas a transforma na segunda mãe: seus maridos. E como esquecer daquelas que fazem da bandeira da [falsa] proteção masculina um estilo de vida, sem ao menos perceber que perpetuam o mesmo discurso machista que tentamos combater. A estas, desejo uma luz em sua mentalidade. A todas as outras, que conseguem perceber os discursos subliminares, mesmo que somente alguns, meu estímulo de que as dificuldades continuem sendo vencidas, de que elas queiram mais respeito do que qualquer outra coisa e que saibam ensinar a seus homens - namorados, maridos, amantes, irmãos, pais, amigos, colegas - que a igualdade entre os sexos não significa apagar as diferenças, mas significa sobretudo deixar a cada um a escolha do próprio caminho. Feliz Dia Internacional das Mulheres a todas vocês que partilham da dificuldade e da beleza de ser mulher. A minhas amigas, primas, tias queridas, um grande beijo.

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