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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Jogue fora

Foto tirada em fevereiro de 2007 na Praia do Diogo em Fortaleza/CE.

Fazia tempo que ela não via o mar. Nem sentia a areia, ou o vento quente que embaralha os cabelos. Mas dessa vez a maresia, com seu cheiro agridoce, a chamava. E ela foi. Andou descalça sentindo o calor que subia naquele fim de tarde. A brisa aumentava aos poucos e o mar se tornava mais rugoso. Depois de um tempo se sentou, vendo aquele azul imenso ir e vir, no balanço tão característico das ondas. Até que do som do vento ela depreendeu outro, como uma voz sussurrante:
— Jogue nas águas.
Custou a entender o que dizia, até que retrucou:
— Jogar o quê?
— A espera.
— A espera?
E a voz continuava a responder:
— A espera. Aquela que alimenta mas que também destrói. Jogue nas águas. Jogue fora as expectativas.
— Mas... por quê?
— Para lhe dar leveza.
— Mas como se vive sem expectativas?
— Você vai continuar sentindo a espera, a ânsia. Mas, se jogá-las fora, vai apenas viver o que virá. Experimente.
E ela, sem ao menos pensar no que estava fazendo e no que estava lhe sendo pedido, retirou do peito toda aquela carga pesada e a lançou ao mar. No mesmo instante, aflorou-lhe o desejo, o que move, e ela pôde traçar suas metas e colocá-las em prática, porque agora só dependia dela mesma. Então ela caminhou de volta para o caminho que era seu, sem olhar para trás.

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