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domingo, 13 de outubro de 2013

O rio

Foto tirada em 7 de outubro de 2013 no castelo de Chenonceau, no Vale do Loire, França.

Ela caminhava há horas, quando encontrou um rio. Cansada que estava, sentou-se à margem e ficou a olhar as águas que passavam, majestosas, seguindo seu curso predeterminado sabe por que força. Até que o vento veio em seu encontro. Como sempre acontecia, sussurrou palavras de boas-vindas e lhe perguntou:
— Mas o que faz sozinha aqui, nesse lugar tão longe?
— Busco paz ao meu coração.
— E o rio lhe passa isso?
— Ele me diz que as coisas passam, mesmo quando achamos que não. Me diz que nada é igual, como não são suas águas. Me diz que tudo tem um chão, como o fundo de seu leito, mesmo que a profundidade nos pareça tão grande que o abismo não acaba nunca.
— Muito bem, moça, você está amadurecendo. Mas há uma coisa de que nunca deve esquecer.
— O quê?
— O rio tem o tempo para passar. Suas águas correm no tempo delas. Ele não pode ser apressado, porque corre sozinho. E assim também é com os acontecimentos de sua vida. Tudo tem o tempo certo para acontecer. Por mais que não pareça, as coisas se desencadeiam de maneira perfeita. Com uma ressalva: desde que você esteja atenta ao movimento das ondas de sua própria vida.
—  Como assim?
— Sua vida é única, moça. Os acontecimentos, as pessoas, os fatos, as dores, as alegrias — tudo isso é único para cada um. Não se mire nos outros, nunca. Porque, ao fazer isso, você perderá o correr de seu próprio rio. E só você pode saber para onde ele vai.
E ela ficou ali, a mirar as águas, a pensar nos medos que tinha do que viria e do que não viria. Mas depois se lembrou que nada podia fazer quanto a isso, a não ser uma coisa: cuidar do fluxo do rio neste momento. Ele determinaria o fluxo futuro.
E assim enterrou fundo seus pés na lama molhada do leito fluvial. Sentiu a terra gelada e, mais do que nunca, sentiu a vida que corria em suas veias. Assim como no rio.

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